sexta-feira, 17 de julho de 2009

O RÓBIN HOOD DA CAATINGA (Sextilha)



Lampião
De infância normal
Que pelas feiras andava
Ouvia violeiros ,
Poeta que cantava
Realidade em cordel
De bando que matava,

Ouvia historia real
Sem saber que algum dia
Teria a vida narrada
Por um poeta que lia
Em cordel sua tragédia
Cantada pela via

Saturnino seu vizinho
Pra sua cerca aumentar
Juntou-se ao coronel
E sem pensar foi matar
Os pais de Virgulino
Que só fez se revoltar

Fizeram o massacre
Fé no moço não contaram
Que tinha pouca idade,
Foi ai que se enganaram
Os dois e muitos outros
Sobre a terra não ficaram

No ano de 1920
Quando tudo aconteceu
Vigulino e dois irmãos
Entram no bando do seu
Sinhô Pereira e logo
Passou a chefe e venceu

De Virgulino Ferreira da Silva
Ficou sendo Lampião
O que iluminava
O cangaço no sertão
No inverno só dava
Ele com todo o clarão

Quiz até o Padre Cícero
Enganar o Lampião
Fez-lhe uma promessa
Com uma promoção
Se a COLUNA PRESTES
Combatesse em ação

Quando Lampião tentou
Viu logo a enganação
A promessa do Padre
A patente de Capitão
Era só uma cilada
Disfarçada de sermão

Ao chegar em Pernambuco
Qual não foi a surpresa
A policia estava lá
Pronta pra levar presa
Todo o seu forte bando
Que partiu pra defesa

Mas isso não durou muito
Pois ele foi traído
Um mateiro disfarçado
Mostrou onde tinha ido
Lampião e seu bando
Ali foi surpreendido

Morto e decapitado
Pra Maceió foi levado
Sua cabeça exposta
Numa praça mostrado
Muita gente foi olhar
A cabeça do vingado

Eu ainda pequenina
Quis ver, fui escondida
Ninguém em casa sabia,
E fiquei arrependida,
Tive dó eu não devia
Ver tanta vida perdida

Pelas histórias que contam
Eu cheguei a conclusão
Que Saturnino foi quem
Começou a confusão.
Tornando o Virgulino
Menino bom em Lampião

Eu sempre ouvia falar
Nas maldades do meninão
Mas pouco se falava
Quando era boa ação
Virgulino era bom
Tinha um bom coração

Bondade, caridade,
Vendia menos jornal.
Maldade, crueldade,
Voava como vendaval
Assim só inventavam
Atrocidade animal

Falar do seu romantismo
Das famílias que ajudou
Não rendia um vintém
E tambem ninguém contou
Nem falou da sua dor
Quando seus Paes enterrou

Cinco romeiras andavam
A pé pela estrada
De Maceió a Juazeiro
Tinha promessa atrasada
Cruzaram com lampião
__Aonde vai apressada ?

Respondeu a matriarca
__Alcançar a oração
Agradecer a graça,
Que pedi com precisão
Se o senhor der licença
Continuo minha missão

Vá em frente “minha tia
Mando cinco cidadão
Acompanhar sua jornada
__ mais olhe aqui , atenção
Quero que cheguem lá sem
Sofrer um arranhão

Virgulino bom menino
Da música gostava
Escrevia poesias
Os idosos ele respeitava
Tocando sua sanfona
Os pobres ele ajudava

Sua filha Expedita
Fala do medo que tinha
Das roupas que ele usava
Era muita estrelinha
Espelhos por todo lado
Muitos anéis continha !!!

Naquelas mãos maltratadas.
Carinho não faltava
Sentada em seu colo
Expedita aceitava
Afagos do pai saudoso
Sua mãe muito á beijava

A história das romeiras
Tem gente viva ainda
Que pode testemunhar
É gente que tem “morada”
No norte e nordeste
É só ser procurada

Os SaturninoS existem
Desde que o mundo é mundo
FABRICANDO LAMPIÕES .
NÉRO , aquele imundo
Assim conta a história
Foi assassino profundo


Ha sempre a história da cerca
Cercaram nosso torrão
Que já tinha imposto pago
Nem nos deram satisfação
Sem ter como combater
Ficaram com nosso rincão


Também eram os “leões
Pra não virar lampião
Nem ter que formar um bando
Mamãe viúva, disse, não!
As crianças de menor
Ninguém vai da atenção

Foram várias famílias
Que sofreram essa agressão
Mas todas muito pequenas
Pra confrontar com “leão”.
As terras que tomaram
Já o comeu faz tempão

Brasil terra deslumbrante
Tu es idolatrada
Tuas matas verdejante
Tu és muito cobiçada
O mundo quer te roubar
Mas nós estamos de guarda

Não se esqueça meu BRASIL
Teu povo é muito viril
Ainda resta gente forte
Nesta terra varonil
Forte de MENTE sadia
Honesta e gentil

Vamos ver nossas crianças
Como diz a canção
Feliz a cantar, forte
Comendo muito pão
Sem pensar que amanhã
Pode faltar o feijão

Virgulino o bom menino
Já citado na cantiga
Tirava tudo dos ricos
Dava pro pobre com jinga
Foi ai que ele virou
RÓBIN HOOD DA CAATINGA.

Vandete Bandeira Yung-Tay 17/07/09

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